Entre Guardanapos e Guerreiros: Um Desabafo Intergeracional
- temisciraartedigit
- 1 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de out.

Hoje, peço licença poética para me expressar à moda antiga — como diziam meus saudosos avós: “Essa geração, minha filha… está um tanto quanto desconcertante.” Confesso que, por vezes, sinto-me uma viajante do tempo que, inadvertidamente, adormeceu nos braços da normalidade e despertou em pleno caos sociocultural.

Recordo com viva nitidez os dias da minha meninice e adolescência, em que o humor — ainda que ácido e por vezes descabido — era rebatido com a melhor das armas: a inteligência. Quando alguém ultrapassava os limites do bom senso com uma piada infeliz, respondíamos com um comentário tão sagaz que o autor da brincadeira maldosa se recolhia à sua insignificância, muitas vezes sendo ele mesmo alvo das chacotas de seus comparsas. Era um duelo verbal de mentes afiadas — e não um campo minado de suscetibilidades frágeis.
Hoje, no entanto, me parece que habitamos uma sociedade de papel de seda. Ou melhor, de

guardanapo molhado: basta um sopro ou uma gota para que tudo se desfaça. A hipersensibilidade contemporânea atingiu proporções que, para mim, beiram o surrealismo.
Fui criada à base de desenhos que hoje, pasmem, são classificados como “violentos” ou “inapropriados”. Eram tempos de He-Man, She-Ra, Thundercats, Silverhawks, Popeye, Pernalonga — verdadeiras óperas animadas da coragem, da justiça e, por que não, do non sense poético. Eram personagens que, apesar das explosões, espadas e socos, nos ensinavam a enfrentar a vida com bravura, criatividade e, acima de tudo, honra.

Hoje, porém, os pequenos entretêm-se com Peppa Pig, Galinha Pintadinha, O Show da Luna, Masha e o Urso, entre outros programas que, se existissem na minha infância, muito provavelmente seriam ignorados até pela televisão desligada. Não me compreendam mal — não sou contra o lúdico, o doce ou o didático. Mas algo, em algum ponto da linha do tempo, se desarranjou.
Como explicar que, na era dos desenhos considerados "agressivos", as crianças eram respeitosas, resilientes e sabiam distinguir ficção de realidade, enquanto hoje — em meio a porquinhas falantes e galináceas cantantes — vemos crescer uma geração cada vez mais descompensada, intolerante e, por vezes, perigosamente agressiva?
Não é raro vermos infantes vociferando contra os pais, esbofeteando colegas de classe ou demonstrando uma raiva desproporcional à sua idade. É como se a Dora, a Aventureira, na calada da noite, estivesse conduzindo nossas crianças não a um mapa encantado, mas à beira do abismo existencial.

Sinto que estamos urgentemente precisando resgatar o espírito dos guerreiros intergalácticos: um pouco de Jaspion, Changeman e até mesmo aquele olhar sagaz do Máskara talvez devolvessem um mínimo de senso de aventura, disciplina e — por que não? — moralidade heroica às nossas novas gerações.
Não sei exatamente em que momento adormeci e despertei em um mundo tão... escangalhado. Só sei que, ao abrir os olhos, vi os valores virarem poeira — e os guardanapos, gente.

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